sábado, 2 de maio de 2009

DEU NO JB. BANCOS ESTRANGEIROS ESFOLAM O BRASILEIRO E COMEM-LHE O FÍGADO

Banco estrangeiro ganha mais no Brasil

Rentabilidade de filiais no país é até três vezes superior à da matriz, graças aos juros altos, mostra estudo da ABM Consulting

Os bancos estrangeiros instalados no país estão pegando carona na estratégia adotada pelos concorrentes nacionais: concentrar suas aplicações de recursos em títulos públicos do governo federal, na maioria das vezes com rendimentos corrigidos pela taxa básica de juros da economia (Selic), uma das mais altas do planeta. O resultado são lucros recordes, proporcionalmente muito superiores aos de suas matrizes.

Estudo do professor da USP-Ribeirão Preto e presidente da ABM Consulting (firma especializada em análise de bancos), Alberto Borges Mathias, revela que a média da rentabilidade sobre o patrimônio líquido (que mede o retorno da instituição financeira em relação aos seus ativos) destes bancos chega a ser o dobro do que a de suas matrizes estrangeiras: 10,9% contra 22,6%. O levantamento leva em conta os balanços do holandês ABN Amro, do espanhol Santander e do britânico HSBC divulgados até agora, tanto no Brasil como no exterior.

- Existe uma enorme distorção. Os bancos estrangeiros viram que era muito mais lucrativo para eles se moldarem ao estilo brasileiro. O lucro das instituições, no Brasil, ainda é bem inferior ao de suas matrizes, mas a rentabilidade é muito maior - diz.

Segundo ele, essa ''distorção'' é explicada pela relação do volume de crédito com o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas no país), que no Brasil é de 29% enquanto em países como a Alemanha e a Espanha, chega a 164% e 130%, respectivamente, e os juros do país (a taxa básica, Selic, está em 16,5% ao ano, congelada pelo Banco Central desde dezembro).

- Os bancos emprestam pouco e lucram muito com os juros que cobram. Só para se ter uma idéia, no Brasil, o volume de crédito sobre o PIB é um quarto do que se opera no resto do mundo. Em contrapartida, a taxa de juros praticada é quatro vezes maior - explica Mathias, ressaltando que a tendência é que esta relação caia com a redução gradativa da taxa Selic esperada ao longo deste ano.

Segundo a pesquisa, o Santander, maior banco privado da Espanha, por exemplo, teve rentabilidade de 13%, em 2003, enquanto a rentabilidade do Santander-Banespa, no Brasil chegou a 36,7% (quase o triplo). O ABN Amro Bank, por sua vez, apresentou rentabilidade de 6,9%, no período, enquanto o ABN Amro Real registrou 16,6%. Já o HSBC fechou o ano com uma rentabilidade de 13% sobre o patrimônio líquido, enquanto sua filial brasileira (que absorveu o antigo Bamerindus) atingiu 14,5%.

- A oferta de crédito no Brasil é pequena e a taxa Selic é muito alta, o que faz com que os bancos tenham tanto interesse no Brasil. Nosso país é uma mina de ouro. Só o que ganham emprestando para o governo, já compensa - observa o presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

Os sete maiores grupos financeiros que atuam no Brasil (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Banespa, Caixa Econômica Federal, ABN Amro Real e Unibanco), excluindo o HSBC que não divulgou o balanço, fecharam o ano passado com lucros em média 6,79% maiores do que em 2002. Ao todo, o lucro desses bancos chegou a R$ 13,36 bilhões, contra R$ 12,51 bilhões, no ano anterior.

Procurados, os bancos HSBC e Santander não responderam às ligações do Jornal do Brasil. O diretor-executivo do ABN no Brasil, Marcos Matioli, informou que os números divulgados pela consultoria para a rentabilidade do banco no exterior não conferem.

- Acho que o período está diferente, ou calcularam errado. A rentabilidade depende de cada banco. No nosso caso, ganhamos pelo aumento de nossa carteira de crédito e das tarifas.


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