A LIÇÃO DO RIO
Rio – João Arruda era industrial de tecidos em São Paulo e senador na Paraíba (de 55 a 63, pelo PSP, derrotando Chateaubriand, que tentava reeleger-se). No restaurante do Copacabana Palace, no Rio, encontrou três paraibanos: Abelardo Jurema, suplente do senador Rui Carneiro; Abílio Dantas, comerciante e tio de Jurema; e Adalberto Lins, corretor de imóveis.
Adalberto viu João Arruda, enxergou negócio:
- Jurema, o senador não é seu amigo? O velho aí não é seu tio? Um compra algodão para sua fábrica e o outro vende algodão? Então você vai vender o algodão de seu tio para a fábrica do senador.
Uma hora depois, o velho Abílio tinha vendido todo o seu estoque de algodão lá na Paraíba para a fábrica “Santana” de João Arruda em São Paulo.
JUREMA
O senador passou o guardanapo no rosto:
- Seu Abílio, conheço essa história de tio com sobrinho. Só fecho o negócio se você puxar agora o talão de cheque e der a comissão ao Jurema.
Seu Abílio assinou o cheque, 120 contos, uma fortuna. Saíram. Na rua, chamou Jurema:
- Meu sobrinho, me dê aquele cheque, que depois a gente acerta.
- Não, meu tio. Aqui no Rio, acerto de bar e restaurante é sagrado.
Jurema saiu atrás de Adalberto Lins:
- Tome logo sua parte.
- Mas eu não fiz nada, Jurema.
- Fez, sim. Você teve a idéia. Eu já aprendi a lição mais importante do Rio. Aqui, ninguém ganha acima de 50 contos sozinho.
COMPADRE
No Globo, Merval Pereira relembra que “Paulo de Tarso Venceslau, um dos fundadores do PT e companheiro de exílio de José Dirceu, denunciou diretamente a Lula que Roberto Teixeira (compadre de Lula, em cuja casa Lula morava) estava arrecadando dinheiro junto a prefeituras petistas, e acabou expulso do partido no começo de 1998”.
Merval relembra mais: - “O investimento de R$5 milhões em 2006 que a Telemar injetou na Gamecorp, empresa que tem Lulinha entre seus sócios, não apenas causou espécie como torna vulnerável a decisão do governo de permitir a união entre a Oi/Telemar e a Brasil Telecom, para a criação de uma supertele nacional, com financiamento do BNDES”.
Para possibilitar esse negocio (ou será negociata?), o governo vai estuprar e mudar a legislação. E ainda ajudar seus parceiros a assaltarem o dinheiro público, faturando comissões em nome da generosa lição do Rio.
LULINHA
Os jornais do fim de semana estavam cheios de surpresas:
- “Prevista para durar 10 anos, a parceria entre o Grupo Bandeirantes e a PlayTV vai acabar em julho, com apenas 2 anos e 2 meses. Insatisfeita com os resultados do negocio, a Band decidiu não renovar o contrato.
A PlayTV pertence à Gamecorp, que tem entre seus sócios a operadora de telefonia Oi (ex-Telemar) e Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente. A “Folha” apurou que a parceria foi desfeita porque a PlayTV não alavancou a audiência nem as receitas do canal 21” (Daniel Castro).
Não era parceria. Era um pretexto para justificar os R$ 5 milhões.
TEIXEIRA
No escândalo da Varig, de novo o “compadre Roberto Teixeira”:
1. – “A ex-diretora da Anac, Denise Abreu, acusou no Senado a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, e o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, de terem cometido atos imorais, que podem gerar uma ilegalidade, no processo de venda da Varig para a VarigLog” (Folha).
2. – “Com isso, a VarigLogo pôde comprar só a parte saudável da Varig, sem assumir as dívidas tributária e a trabalhista” (mais de 7 mil empregados demitidos, jogados na rua, sem receber um tostão). (Folha).
3. – “O objetivo era retirar os brasileiros e deixar a VarigLog com o capital estrangeiro, o que a lei proíbe. Mais tarde, a VaigLog comprou a Varig por US$ 24 milhões e vendeu à Gol por US$ 320 milhões” (Veja).
Segundo contaram a “Veja” e a “Época”, por esse “trabalho advocatício”, o compadre Roberto Teixeira “teria recebido US$ 5 milhões” e justificou orgulhando-se de haver “conseguido coisas impossíveis”.
DIRCEU
Mas não é só o “compadre Teixeira” que está nas TVs e manchetes:
1. – “Gravações apreendidas pela Polícia Federal flagram o prefeito de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani, em cenas de corrupção explicita”:
- “Eu tenho uma reunião com José Dirceu às três horas em Belo Horizonte. Tô liberando R$ 70 milhões. Setenta milhões! Cê sabe quanto que dá isso? Sete milhões de comissão”.
2. – “Segundo a revista Época, o relatório da Polícia Federal diz que a captação do dinheiro teria sido intermediada por Dirceu, e que só a comissão, provavelmente a título de propina, seria de R$ 7 milhões”.
3. – “Naquele dia, Dirceu esteve em Belo Horizonte e foi hostilizado numa palestra na PUC mineira. A “Época” informa que, 50 dias após o suposto encontro, o ministro das Cidades, Marcio Fortes, assinou contrato para destinar R$ 70 milhões da CEF a obras no Rio Paraibuna” (O Globo).
Dirceu come sardinha e arrota caviar. Diz que seus amigos ou clientes são Condolessa Rice, Fidel, Hugo Chavez, Slim do México e Eike do carvão. Ia a Juiz de Fora “para rever Itamar”. E era o bandoleiro Bejani.
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DA TRIBUNA DA IMPRENSA
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