UM METRO E SESSENTA E POUCO QUE VIRA UM MILÍMETRO MESMO TENDO TRÊS METROS
Laerte Braga
As declarações do presidente Lula sobre o Poder Judiciário não ferem nem a democracia e muito menos revelam “estilo autoritário” como pretende o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Marco Aurélio de Mello vem se comportando, digamos assim, de forma inconveniente e que não condiz com o cargo que ocupa desde as eleições de 2006. Foi cúmplice da GLOBO na armação do dossiê que trocou o principal fato jornalístico do dia, um acidente com um avião da GOL e centenas de vítima, por uma farsa.
O golpe da montanha de dinheiro, o mesmo que foi usado para negociar 250 milhões de dólares com o BNDES e pagar uma baita conta no exterior com dinheiro público, isso em 2002, quando usaram e enterraram Roseana Sarney (falo da GLOBO).
Terminada a edição do JORNAL NACIONAL e veiculada a notícia do dossiê Marco Aurélio de maneira açodada, sem nenhuma preocupação com a tal majestade do cargo que ocupa, foi logo falando, tudo dentro do esquema, que o fato era motivo suficiente para a cassação da candidatura Lula.
No dia seguinte, pego pelo pé pela reação de setores do Judiciário explicou que ao era bem assim, que “se os fatos viessem a ser provados”. Bem diferente.
Marco Aurélio de Mello é primo de Collor de Mello, foi nomeado pelo ex-presidente para o Supremo Tribunal Federal e foi responsável por uma decisão no mínimo estranha. Absolveu um latifundiário do crime de abuso sexual. O dito cujo havia mantido relações com u’a menina de 12 anos, segundo o ministro, responsável pelos seus atos. O agravante nessa história toda é que a menina fora “vendida” ao latifundiário por sua própria mãe.
Collor de Mello voltou à cena política e exerce um mandato de senador pelo estado de Alagoas. Há dias declarou ser pré candidato a presidência da República buscando o voto popular para reparar a “injustiça” que lhe fizeram. Marco Aurélio é parte do esquema e como ministro do STF age e fala como presidente de partido ou cabo eleitoral.
O que não significa que Collor vá ser candidato. Está atrás de uma chance, mas se não der, de um bom acordo. Marco Aurélio é parte do esquema. Os tucanos e DEMocratas também.
As declarações políticas que faz situam e podem ser lidas nesse plano. Incomodam a muitas figuras no próprio Judiciário.
Como presidente do TSE inventou a tal campanha publicitária em que a GLOBO chama a atenção dos eleitores para fiscalizar o voto. Chama isso de exercício de cidadania. Seria bom dar uma olhada nos processos a que responde Paulo Maluf, por exemplo. Ou o que aconteceu com os processos contra Collor.
Ou nos inúmeros processos dos crimes do chamado colarinho branco que correm (força de expressão) no Judiciário e terminam empoeirados em prateleiras diversas.
A professora Maria da Glória Costa Reis, foi condenada pela Justiça de
Minas Gerais a quatro meses de prisão e a uma multa de dois salários
mínimos. É atribuído a ela o crime de difamar publicamente o juiz José
Alfredo Jünger de Souza Vieira, titular da Vara de Execuções Penais de
Leopoldina (MG), em um editorial publicado no jornal Recomeço,
periódico de 200 exemplares impresso em fotocópias e escrito pelos
presos da cadeia da cidade.
O jornal não cita o nome do juiz, não o acusa diretamente de responsabilidade pelas más condições da cadeia pública de Leopoldina e mesmo assim o espírito de corpo falou mais alto.
Não se tem notícia, até hoje, de um inquérito ou uma providência para apurar a presença de mais de 70 juízes num regabofe em Comandatuba, patrocinado pela FEBRABAN (Federação Brasileira dos Bancos), com todas as despesas pagas e as mais variadas mordomias e mimos, para discutir juros, ações de clientes contra bancos, coisas do gênero.
Há cerca de um ano 100 reais foram surrupiados da conta de uma cliente do Banco Itaú. Segundo o gerente da agência onde o fato aconteceu o dinheiro foi retirado por presos de uma penitenciária para colocar créditos em celulares. O banco, no entender dele não tinha responsabilidades nisso.
Uma ação correu no fórum da comarca onde o fato aconteceu e o juiz, explicitamente, diz que houve dano moral à cliente, que o banco é responsável pela segurança do dinheiro ali depositado, mas condenou o Itaú a apenas repor o dinheiro, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do estado onde o fato ocorreu.
Efeito Comandatuba?
Para que alguém seja respeitado é necessário que se faça respeitar. É um ditado antigo, surrado, mas real.
Não adianta você ter um metro e sessenta de estatura física, dois ou três metros de estatura moral se joga tudo pelo ralo assentando-se à hora do almoço diante de alguém que lhe considera um reles verme, ou coisa pior. Um objeto.
A pasta imunda está do lado, viva e indesmentível.
Passa a ter um milímetro.
Lula não reagiu de maneira intempestiva, ou autoritária às constantes declarações de um ministro do STF com partido político. O presidente apenas colocou as coisas nos seus devidos lugares. O fato de não ser um jurista, ou um intelectual como FHC não o transforma em menos cidadão que Marco Aurélio Mello ou qualquer outro em qualquer lugar ou cargo que ocupe.
Marco Aurélio tem sido parte da fábrica de crises montadas e orquestradas pelas elites brasileiras, da qual faz parte, para inviabilizar o governo Lula e garantir o retorno das quadrilhas ao poder em 2010.
É a típica reação ao plano de cidadania e combate à pobreza lançado pelo governo. Como disse o presidente “as eleições deste ano são municipais, não sou candidato e nem serei em 2010, pois não posso ser reeleito.”
Marco Aurélio Mello como de resto os donos do País apenas buscam imobilizar o governo e viabilizar condições eleitorais para 2010. Pouco se lhes importa se a menina tem 12 anos e foi “vendida” pela mãe a um sujeito torpe que sai absolvido pela Justiça.
Lula tem razão. Cada um cuide do seu e assim, se bem cuidado, se fará respeitar. Do contrário, não importa ter um metro e sessenta e pouco de estatura física, três metros de estatura moral e assentar à frente de um Pastinha. Vira pulga e os três metros viram um milímetro.
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