A ação revisional de contrato bancário e suas implicações com o processo de execuçãoElaborado em 01.2008. |
Éder Maurício Pezzi López Página 2 de 2 |
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UM LUGAR PARA APRENDER E ENSINAR A ENFRENTAR A ARROGÂNCIA DOS CARTÉIS. PORQUE O MUNDO É CONTROLADO POR ENTES LEGAIS QUE AGEM COMO OS PIORES CRIMINOSOS. ELES CONTROLAM OS PODERES DO ESTADO. O CIDADÃO É UM ESCRAVO. SEM PERCEBER NADA E PARALISADOS PELA MÁQUINA MIDIÁTICA DA QUAL FAZ PARTE A INTERNET.A MAIORIA SE SUBMETE. MAS ALGUNS CONSEGUEM ENXERGAR ALÉM DO ESCURO OCEANO DE MENTIRAS UM POUCO DE LUZ. AQUI ESTAMOS TENTANDO ENXERGAR. POR ISSO PRECISAMOS APRENDER TODOS OS DIAS.
sábado, 2 de maio de 2009
ÉDER MAURICIO MOSTRA AS IMPLICAÇOES DA AÇÃO REVISIONAL
PEDRO CARRANO MOSTRA QUE O LUCRO É EXAGERADO.
ECONOMIA Empresas têm lucros recordes apropriando-se do capital produtivo e explorando trabalhadores
Pedro Carrano
de Curitiba (PR)
UMA VEZ mais, o lucro dos bancos bate recordes. O Bradesco teve R$ 5,817 bilhões de rendimentos entre janeiro a setembro, um aumento de 73,6% em relação ao mesmo período de 2006. O Itaú, por sua vez, anunciou lucro de R$ 6,444 bilhões, elevação de 112,7%. E o Unibanco chegou a R$ 2,621 bilhões, um crescimento de 123,3%.
Pesquisa da consultoria Economática, entre 319 empresas de capital aberto, com ações na bolsa de valores, aponta que os bancos formam o setor mais lucrativo da economia brasileira. Entre janeiro e junho, as 24 instituições financeiras privadas acumularam lucro de R$ 14 bilhões, seguidas pelo setor de gás e petróleo, com R$ 11,3 bilhões, e pelo setor de mineração, com R$ 10,99 bilhões. Somente esses três setores responderam por 51% do lucro obtido pelas companhias de capital aberto.
Na opinião de Pablo Díaz, economista e membro do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, o lucro dos bancos na realidade é ainda maior do que o resultado divulgado oficialmente. Os números apresentados fariam parte do lucro contábil dos bancos e não do lucro efetivo, pelo fato de que essas instituições contam com incentivos fiscais no momento de adquirir outras empresas. “O trabalhador na hora de comprar uma casa paga imposde to sobre patrimônio, mas o banco não paga na compra de outras empresas, o que favorece a concentração do lucro nessas poucas instituições bancárias”, afirma. Ele completa dizendo que o sistema bancário atualmente é favorecido por mecanismos financeiros de acumulação, como paraísos fiscais.
Produtivo ou financeiro
De acordo com Díaz, o lucro de bancos como o Bradesco – um dos controladores administrativos da mineradora Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), empresa que atingiu o lucro nos primeiros nove meses de R$ 10,937 bilhões – causa a formação de conglomerados econômicos, porque empresas do setor produtivo são adquiridas por grupos financeiros. “O lucro dos bancos cresce de maneira desproporcional, o que leva a aquisição de outros setores da economia, em uma grande associação do setor financeiro com o produtivo”, descreve.
Esse fator interfere na conjuntura política. Para comprovar isso, basta ver a lista dos presidentes do Banco Central dos governos mais recentes. O atual, Henrique Meirelles, por exemplo, fez sua carreira no Bank Boston, chegando a ser presidente global da corporação em 1996. “Existe um presidente de direito, que é o Lula, e outro de fato, que é o do Banco Central”, comenta Díaz.
Subimperialismo
Segundo Díaz, esse processo pode ser observado em empresas como a Petrobrás, que acumulam capital em relação com o capital financeiro. Com isso, essas empresas ganham força para atuar de modo imperialista em outros países vizinhos da América do Sul. “Existe uma transnacionalização de empresas brasileiras, como a Gerdau, a Petrobras e a Vale do Rio Doce, que se fortalecem e ganham musculatura em aliança com o setor financeiro”, comenta.
Não se pode esquecer ainda dos mecanismos de acumulação do setor financeiro, como a dívida pública. Nesse formato, os capitalistas viram credores da dívida pública do Estado, de tal forma que, entre 1995 e 2005, 14% do produto interno bruto (PIB) foi destinado para esse fim. Do montante da dívida pública, 33% são transferidos para bancos estrangeiros e 67% para credores nacionais.
Exploração
No entanto, segundo Ana Paula Rosa de Simone, metalúrgica de São José dos Campos e integrante da Intersindical, as ações de maior valor no mercado especulativo são os papéis de empresas do capital produtivo. Na sua opinião, a financeirização da economia (hegemonia da acumulação a partir de instituições financeiras e bancos) não pode prescindir da exploração da mão-de-obra dos trabalhadores no processo do capital produtivo. Ao contrário. “As principais ações na Bolsa de Valores são do setor produtivo, ou seja, têm origem no processo de produção. A grande mídia passa uma idéia contrária, mas a financeirização da economia parte sempre da exploração no processo de trabalho”, polemiza.
A dirigente sindical cita o fato de que, nessa mesma conjuntura de anúncio da lucratividade dos bancos, as montadoras automobilísticas, como a Volkswagen e a Fiat, anunciaram lucro recorde para o período. Um lucro que só havia sido visto no final da década de 1990.
DEU NO JB. BANCOS ESTRANGEIROS ESFOLAM O BRASILEIRO E COMEM-LHE O FÍGADO
Estudo do professor da USP-Ribeirão Preto e presidente da ABM Consulting (firma especializada em análise de bancos), Alberto Borges Mathias, revela que a média da rentabilidade sobre o patrimônio líquido (que mede o retorno da instituição financeira em relação aos seus ativos) destes bancos chega a ser o dobro do que a de suas matrizes estrangeiras: 10,9% contra 22,6%. O levantamento leva em conta os balanços do holandês ABN Amro, do espanhol Santander e do britânico HSBC divulgados até agora, tanto no Brasil como no exterior.
- Existe uma enorme distorção. Os bancos estrangeiros viram que era muito mais lucrativo para eles se moldarem ao estilo brasileiro. O lucro das instituições, no Brasil, ainda é bem inferior ao de suas matrizes, mas a rentabilidade é muito maior - diz.
Segundo ele, essa ''distorção'' é explicada pela relação do volume de crédito com o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas geradas no país), que no Brasil é de 29% enquanto em países como a Alemanha e a Espanha, chega a 164% e 130%, respectivamente, e os juros do país (a taxa básica, Selic, está em 16,5% ao ano, congelada pelo Banco Central desde dezembro).
- Os bancos emprestam pouco e lucram muito com os juros que cobram. Só para se ter uma idéia, no Brasil, o volume de crédito sobre o PIB é um quarto do que se opera no resto do mundo. Em contrapartida, a taxa de juros praticada é quatro vezes maior - explica Mathias, ressaltando que a tendência é que esta relação caia com a redução gradativa da taxa Selic esperada ao longo deste ano.
Segundo a pesquisa, o Santander, maior banco privado da Espanha, por exemplo, teve rentabilidade de 13%, em 2003, enquanto a rentabilidade do Santander-Banespa, no Brasil chegou a 36,7% (quase o triplo). O ABN Amro Bank, por sua vez, apresentou rentabilidade de 6,9%, no período, enquanto o ABN Amro Real registrou 16,6%. Já o HSBC fechou o ano com uma rentabilidade de 13% sobre o patrimônio líquido, enquanto sua filial brasileira (que absorveu o antigo Bamerindus) atingiu 14,5%.
- A oferta de crédito no Brasil é pequena e a taxa Selic é muito alta, o que faz com que os bancos tenham tanto interesse no Brasil. Nosso país é uma mina de ouro. Só o que ganham emprestando para o governo, já compensa - observa o presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
Os sete maiores grupos financeiros que atuam no Brasil (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Banespa, Caixa Econômica Federal, ABN Amro Real e Unibanco), excluindo o HSBC que não divulgou o balanço, fecharam o ano passado com lucros em média 6,79% maiores do que em 2002. Ao todo, o lucro desses bancos chegou a R$ 13,36 bilhões, contra R$ 12,51 bilhões, no ano anterior.
Procurados, os bancos HSBC e Santander não responderam às ligações do Jornal do Brasil. O diretor-executivo do ABN no Brasil, Marcos Matioli, informou que os números divulgados pela consultoria para a rentabilidade do banco no exterior não conferem.
- Acho que o período está diferente, ou calcularam errado. A rentabilidade depende de cada banco. No nosso caso, ganhamos pelo aumento de nossa carteira de crédito e das tarifas.
ATÉ JADER BARBALHO - O DO ESCANDALO - QUER UMA CPI PARA OS BANCOS
JÁDER BARBALHO PEDE CPI DO SISTEMA FINANCEIRO
JÁDER BARBALHO PEDE CPI DO SISTEMA FINANCEIRO
Por: Agência Senado
Data de Publicação: 29 de março de 1999
O senador Jáder Barbalho (PA), líder do PMDB na Casa, apresentou nesta segunda-feira (dia 29), em discurso de duas horas, denúncias de irregularidades bancárias ocorridas desde a desvalorização do real, em janeiro, e anunciou que apresentará requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar e apurar as responsabilidades. Ele citou oito fatos para investigação, cinco deles ligados à desvalorização cambial. Entre as denúncias, encontra-se a sonegação de impostos por sete grandes bancos estrangeiros que operam no Brasil. Citando notícias publicadas pela imprensa nos últimos dias, Jáder Barbalho considerou - em discurso que recebeu apartes de 13 senadores - "um verdadeiro absurdo" que os bancos FonteCidan e Marka tenham comprado dólares do Banco Central, após a desvalorização, a um preço mais baixo, depois de terem apostado que não haveria desvalorização cambial. Os dois foram liquidados nos últimos dias pelo BC. O líder leu entrevista concedida ao Jornal da Globo e à revista IstoÉ Dinheiro por Francisco Moura, sócio do Banco Marka, na qual ele diz que sabia "que o banco ia quebrar" e sacou da instituição R$ 2 milhões.- Por que privilegiar dois bancos na cotação de venda de dólar? Por que não ajudar também as empresas brasileiras que estavam endividadas em dólar? E o cidadão endividado em dólar? A CPI precisa saber com que autorização o Banco Central fez isso. Em qual lei se baseou - questionou Jáder Barbalho.O líder considerou "quase insensato" que, justamente no mês em que o Brasil sofreu forte ataque especulativo em sua moeda, o lucro de 181 bancos, em janeiro último, tenha sido de R$ 3,34 bilhões, valor duas vezes maior que o lucro obtido durante todo o exercício de 1998, de R$ 1,87 bilhão. Ele anexou matéria da Isto É de 10.3.99, sob o título Os intocáveis, na qual se informa que, em apenas 30 dias, conforme dados preliminares do sistema do Banco Central, houve banco com lucro de até 4.030% sobre todo o segundo semestre do ano passado.Um dos fatos que deverão ser investigados pela CPI, de acordo com o requerimento, é a retirada do país, "de forma irregular e fraudulenta", de aproximadamente US$ 400 milhões, pela utilização do Fundo de Investimento no Exterior (Fiex). Reportagem da revista Veja de 17.2.99 informa que a maior parte dos dólares que deixa o país pelo Fiex deve ser aplicada obrigatoriamente na compra de títulos da dívida externa do Brasil. No entanto, "em vez disso, despacharam o dinheiro para o exterior e alugaram títulos em posse de outros bancos. Essa operação é conhecida no mercado como barriga de aluguel", afirma a matéria da revista. Jáder Barbalho cita quadro apresentado pela Folha de S. Paulo, do último dia 23, onde se afirma que "os bancos privados, especialmente os estrangeiros, tiveram muito mais receita, no ano passado, aplicando em títulos, basicamente do governo, do que concedendo empréstimos. Voltou-se à situação que existia na época de hiperinflação e que havia sido revertida nos primeiros anos do real".- Tanto banco brasileiro foi desnacionalizado e os estrangeiros vêm aqui para especular e obter altos lucros - disse o líder peemedebista.Outro fato concreto que a CPI deverá investigar, acrescentou, é a avaliação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que levou à intervenção ou liquidação de dezenas de instituições. Passados cinco anos e mobilizados valores de US$ 23 bilhões no Proer, "a sociedade brasileira está sendo informada, pelos jornais, da liquidação dos Bancos Fonte-Cidan, Marka, Crefisul, BMD, paralelamente ao enfraquecimento do Plano Real". Assim, na opinião de Jáder Barbalho, "é inadiável e oportuna a avaliação do Proer e seus resultados".A CPI do Sistema Financeiro Nacional investigará também "a extravagante constatação" de que alguns bancos conseguiram defender seu patrimônio "e não tiveram a mesma eficiência quanto ao dinheiro dos clientes investidores". O líder cita a revista IstoÉ de 10.3.99, onde informa que "nem sempre o correntista se beneficia do sucesso" de seu banco. Diz a revista: "O Unibanco defendeu muito bem o patrimônio próprio de R$ 2,7 bilhões e garantiu um lucro de R$ 85,2 milhões. "Estávamos em posição defensiva e não especulativa", reage o presidente Joaquim de Castro Neto. Já o Unibanco Management, que cuida do dinheiro de clientes, não usou a mesma estratégia".- Os bancos se garantiram, mas o investimento dos clientes teve prejuízo. Isto é um escândalo inaceitável para o Congresso. E o correntista que não sabe de nada, não tem nenhuma informação privilegiada? Este viu seu dinheiro virar pó - acrescentou Jáder. Outro ponto a ser investigado pela CPI é a sonegação de impostos que estaria sendo praticada por sete bancos estrangeiros, conforme nota publicada na coluna do jornalista Ari Cunha, do Correio Braziliense, do último dia 25. São eles: Citibank, J.P.Morgan, Deutsche Bank, Crédit Suisse, First Boston, Garantia e Crédit Commercial de France.Por fim, o líder do PMDB pretende que a CPI apure também a atuação do Banco do Brasil no episódio da construtora Encol, que teve falência decretada e deu prejuízo de aproximadamente R$ 200 milhões ao BB. "As irregularidades nos empréstimos concedidos pelo Banco do Brasil à Encol envolvem diretores, funcionários e auditores". Jáder Barbalho citou que o Ministério da Fazenda fará uma auditoria na instituição financeira sobre o caso e a imprensa noticiou que "será uma espécie de intervenção branca" do ministério no banco.
ATÉ A VEJA É OBRIGADA A MOSTRAR A FERIDA
Economia
Lucros dos bancos
11 de undefined de 1993
O que dizia a reportagem de VEJA
Faz parte da tradição das grandes companhias comemorar os lucros e desculpar-se com os acionistas pelos prejuízos em seus balanços. Nos últimos dias, algumas das principais instituições financeiras do país divulgaram os resultados do primeiro semestre de 1993. Os ganhos são altos, mas os bancos pareciam meio constrangidos ao apresentá-los. Como todo mundo, gostam de ganhar dinheiro, é óbvio. Mas quanto menos se falar no assunto melhor para eles. Entre janeiro e junho deste ano, o Bradesco, o maior banco privado brasileiro, teve um lucro de 161,6 milhões de dólares. É dinheiro gordo. O Itaú, o segundo da lista, acumulou um lucro de 125,7 milhões de dólares no primeiro semestre. Mergulhou numa piscina de dinheiro 35% mais cheia que a do primeiro semestre de 1992. É fascinante, espetacular, incrível. É um espanto como esses bancos conseguem ganhar dinheiro. Os executivos que estão no comando das casas bancárias parecem ter descoberto uma receita mágica. As 500 maiores empresas não financeiras do país tiveram em 1992 um lucro médio de 2,2% sobre o patrimônio. Os cinqüenta maiores bancos embolsaram 9,8%. Neste ano, vai melhorar ainda mais, num momento em que o resto do país vive uma crise gravíssima. Para muitos, existe alguma coisa errada com o lucro dos bancos. No ano de 1992, com uma inflação de 1.149%, o sistema lucrou 56% a mais do que em 1991, quando a taxa ficou em 475%. Conclusão: os bancos ganham mais com inflação alta. Por isso estão no alvo das críticas dos políticos e dos empresários.
O que aconteceu depois
Quando o Plano Real cortou a jugular da inflação em 1994, os analistas disseram que os bancos sofreriam para sobreviver com estabilidade financeira. Depois, previu-se que seriam engolidos pelos bancos estrangeiros, tidos como mais eficientes, modernos e adaptados à vida sem inflação. Por último, alguns especialistas estimaram que o lucro dos bancos despencaria na mesma proporção que a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. Os balanços dos grandes bancos do país, contudo, não refletiram essas previsões. Uma década depois da publicação da reportagem de VEJA, os bancos líderes do mercado formavam o setor da economia que mais rápida e eficientemente reagiu às bruscas mudanças de ambiente econômico pelas quais o Brasil passou. Mesmo com inflação relativamente baixa e eventuais cortes de juros, os lucros continuavam quebrando recordes.
De fevereiro de 2003 até fevereiro de 2004, por exemplo, a Selic caiu 10 pontos porcentuais. Foi de 26,5% ao ano para 16,5%. Ela é alta em termos comparativos e quase exorbitante quando se extrai dela o item em que o Brasil é campeão mundial, o juro real. Mas, mesmo com a queda de 10 pontos na Selic, o lucro dos bancos cresceu no mesmo período. A comparação com os números de 1993 mostra o grau de crescimento dessas instituições: o Itaú, que lucrara 125,7 milhões de dólares no primeiro semestre daquele ano, fechou 2003 lucrando 3,1 bilhões de reais - cerca de 1 bilhão de dólares. O Bradesco, o maior banco privado do país, teve um lucro de 161,6 milhões de dólares na primeira metade de 1993; no balanço de 2003, contou 2,3 bilhões de reais de lucro. Os resultados são históricos quando não se leva em conta o efeito da inflação. Em um período de Selic declinante, o lucro do Bradesco aumentou 14% e o do Itaú, 32,6%. A média dos dezoito bancos que já divulgaram seus resultados mostra que a rentabilidade do setor subiu 4,2% no mesmo período em que Bradesco e Itaú melhoraram o desempenho. Como explicar isso? Os bancos brasileiros tiraram cerca de 30% de sua receita de transações com títulos do governo — o que é previsível em um país em que a dívida pública é alta e precisa ser rolada periodicamente.
A diferença a favor dos líderes veio, porém, da eficiência com que conduziram seus negócios não relacionados com a rolagem da dívida pública. Se dependessem apenas disso, teriam tido desempenho bem pior. O Bradesco obteve receita de 7 bilhões de reais com títulos em 2003. Parece alto, mas é quase metade do contabilizado em 2002. No Itaú, a receita foi de 4,9 bilhões de reais, menos da metade do ano anterior. Parte significativa dos ganhos do Bradesco foi obtida com o aumento de clientes e o crescimento dos negócios de previdência privada e de cartões de crédito. No Itaú, houve um aumento nas vendas de planos de previdência, de seguros e também um incremento no volume de empréstimos feitos para as pequenas e médias empresas. Tarifas mais altas e inadimplência menor foram outros ingredientes da receita do crescimento. Os bancos líderes conseguiram selecionar bem seus credores de modo que as taxas de inadimplência em suas operações foram sensivelmente mais baixas que a média do mercado. No início de 2004, a tendência era mantida: no primeiro trimestre, o Bradesco anunciou um lucro de 609 milhões de reais (cerca de 203 milhões de dólares, 20% a mais que o mesmo período de 2003) e o Itaú, de 876 milhões de reais (292 milhões de dólares, 22,7% maior).
A contabilidade sob Lula — Após a maratona que incluiu fim de inflação galopante e modernização, imaginava-se que o fôlego do sistema financeiro poderia rarear, especialmente diante de um governo ligado à esquerda. Nada mais distante da realidade do que o ocorrido na administração Lula — que, aliás, esmerou-se em transmitir tranqüilidade ao mercado. Uma análise do período mostra que o lucro líquido semestral dos cinco titãs financeiros (em ordem: Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa) cresceu 132,5% — evolução inigualável em qualquer outra época. Só no último período avaliado (janeiro-junho de 2006), os cofres bancários ganharam 11,5 bilhões de reais a mais, segundo dados do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad). Os campeões — bem acima da média — foram Bradesco e Banco do Brasil, com alta de lucros de 205% e 260%, respectivamente. A rentabilidade média sobre o patrimônio líquido também cresceu: de 24,6%, em junho de 2003, para 28,6%, em junho de 2006.
Sob Lula, as instituições aprofundaram a diversificação de fontes de renda. Antes, o fator a impulsionar os resultados eram os ganhos com aplicação em títulos (especialmente do governo) e valores mobiliários. De maneira planejada, a maior rentabilidade foi obtida transferindo-se esforços para o aumento de crédito. Nesse segmento, os ativos dos cinco gigantes cresceram 147,8%, entre junho de 2003 e junho de 2006 — contra 62,4% de evolução na carteira de títulos. Por conta dessa mudança de perfil, as receitas de crédito, que representavam 51,5% da receita bruta, pularam para 59%. Já as receitas provenientes dos títulos caíram: antes respondiam por 40% do bolo total das instituições; foram enxugadas a 33,1%. Elas, é claro, ainda têm peso significativo no balanço dos bancos, especialmente de alguns deles — caso do Itaú, que registrou subida de 335% dessas receitas entre junho de 2003 e junho de 2006. Também chama a atenção nos caixas de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa a evolução das receitas com prestação de serviços — que cresceram 68% entre 2003 e 2006. Somente entre junho de 2005 e junho de 2006, a alta foi de 17,9%, totalizando 15,4 bilhões de reais.
Em fevereiro de 2007, o Bradesco anunciou que bateu recorde de lucratividade: 6,36 bilhões de reais, contra 5,51 bilhões de reais em 2005 — aumento de 15,42% do lucro líquido recorrente em 2006. O cálculo do lucro líquido recorrente não considera os chamados eventos extraordinários, como o pagamento de ágio sobre os bancos comprados pelo Bradesco. Contando esses eventos extraordinários, o lucro de 2006 fica menor: 5,054 bilhões de reais, ou 8,3% a menos do que em 2005.
Depois do Bradesco, o Itaú teve o maior lucro do país: 4,31 bilhões de reais. O terceiro colocado no ranking dos bancos mais lcurativos é do Unibanco: lucro líquido de 1,75 bilhão de reais em 2006, 4,8% menos do que o registrado no ano anterior - 1,838 bilhão. Descartando-se os eventos extraordinários, o lucro líquido da instituição no ano passado chega a 2,21 bilhões de reais, 20,2% a mais que em 2005.
BANCOS E LUCRO. POVO E FOME
Para os bancos tudo, para o povo, os tributos |
Adriano Benayon* | |
Em março, foi concedido mais um aumento da taxa básica dos juros que o Tesouro Nacional e o Banco Central pagam aos bancos nos títulos da dívida interna. Quem decretou o aumento? Como sempre, o Copom (Conselho de Política Monetária), na verdade, um foro de decisões monocráticas controlado pelo presidente do Bacen, cujos controladores não se conhece bem. O que se sabe é que não moram no País. Trata-se de um caso, aparentemente, do campo da psiquiatria ou do artigo 4º do Código Civil, que impede os pródigos de praticar certos atos. Já o art. 3º do CC define como "absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;" 1 uso de títulos podres no "pagamento"; 2créditos fiscais várias vezes maior que aquele preço; 3liquidação dos passivos do banco com dinheiro do Tesouro Nacional; 4transferência de créditos imobiliários para a Caixa Econômica e para outros bancos estatais. O Tesouro Nacional, via Banco Central (Bacen), despejou R$ 39 bilhões de reais no Proer, para limpar passivos de bancos privados, antes de entregá-los a bancos estrangeiros e outros. Desse montante, do qual mais da metade não foi recuperada, R$ 12 bilhões foram omitidos nos balanços do Bacen, conforme verificou a CPI do Sistema Financeiro. Somada essa quantia às demais não reavidas desses bancos, o total chega a R$ 42 bilhões. 1 o controle concentrado dos mercados oligopolizados; 2a indexação das tarifas de serviços públicos privatizados e agências "reguladoras" criadas para favorecer os concessionários; 3 a compressão da oferta de bens e serviços causada pela cessação dos investimentos na infra-estrutura. *Doutor em Economia pela Universidade de Hamburgo, autor de Globalização versus desenvolvimento. |
lucros dos bancos é imoral
- Autor: Otaviano Canuto
Assunto: Conjuntura Econômica, Economia Internacional,e economia monetária e financeira
Publicado pelo Estado de São Paulo em 27 de junho de 2000
A internacionalização dos mercados bancários domésticos na Argentina e no México, com os bancos estrangeiros se expandindo particularmente nos momentos de crise no setor, vem se dando desde o início dos anos 90. Na Argentina, a participação dos bancos estrangeiros no total de empréstimos locais cresceu de 18% a 48%, entre 1994 e 1999. No México, a subida foi de 0,2% para 17,8% entre 1992 e 1998.
Atualmente no Brasil, nenhum banco estrangeiro detém individualmente parcela dos depósitos à vista acima de 3%, estando todos abaixo do Bradesco, Itaú e Unibanco. As privatizações do Banespa e outros bancos estaduais, além da aquisição de bancos privados menores, representarão sua grande chance para crescer. Naturalmente, as experiências em outras economias tendem a despertar interesse como referência.
Entre os vários aspectos do tema, pode-se apontar pelo menos dois sobre os quais alguma evidência já foi apontada. Um diz respeito ao efeito da entrada de bancos estrangeiros sobre as margens de lucro dos bancos locais. O outro corresponde à polêmica quanto a aumentar ou diminuir a volatilidade nos créditos domésticos, quando é maior a participação de bancos internacionais.
No tocante ao primeiro ponto, por exemplo, economistas do Banco Mundial, usando dados de 80 países (Brasil inclusive), encontraram uma associação entre, de um lado, a presença maior de bancos estrangeiros e, de outro, menor lucratividade e menores custos fixos por parte dos bancos domésticos. Isto foi interpretado como sinal de elevação na eficiência dos bancos domésticos, como conseqüência mais comum da concorrência com estrangeiros. Uma conclusão assaz interessante do trabalho é a de que importa mais o número de bancos estrangeiros participantes, para a obtenção desse resultado, do que suas parcelas de mercado. (*)
No segundo aspecto, o debate gira em torno da sensibilidade do crédito doméstico em relação às taxas de juros e aos ciclos econômicos locais, quando é maior a presença de bancos estrangeiros numa economia emergente. De um lado, há quem espere subir a volatilidade do crédito, vale dizer, um encolhimento mais rápido dos empréstimos e uma saída mais acentuada de capital, durante uma recessão ou quando as taxas de juros domésticas são diminuídas pelo governo (mantidas as condições de riscos).
Essa maior instabilidade do crédito decorreria da presença de maiores avenidas para o vai-e-vem de capital, dados os elos externos do sistema internacionalizado. Em situações de crise no sistema local - ou nos países de origem dos bancos - tenderia a ser mais fácil e rápida a fuga de capital.
Do outro lado, há quem preveja o inverso: a maior estabilidade na oferta agregada de crédito. Dado que a demanda local por depósitos bancários acompanha em geral o movimento dos ciclos econômicos, a escassez desta fonte de recursos para os bancos durante a recessão poderia ser contornada mediante acesso a fontes no exterior. Reduzir-se-ia assim a probabilidade do racionamento de crédito pelo sistema doméstico, em situações de choques, causa freqüente de aprofundamento das crises em economias emergentes.
Este argumento só pode valer para as situações nas quais os bancos avaliem como temporários e reversíveis os choques recebidos ou quando enxerguem então oportunidades para elevar sua participação no mercado. Caso contrário, torna-se difícil entender porque os bancos estrangeiros se disporiam a marchar contra a corrente.
De qualquer forma, cabe observar que o argumento da instabilidade também deveria prevalecer para cima. Nos momentos de expansão econômica ou de subida nas taxas de juros, a disponibilidade de crédito receberia maior injeção potencial de recursos externos, no contexto internacionalizado.
Uma pesquisa divulgada em maio passado, sobre as experiências mexicana e argentina, mostrou que a distinção de propriedade entre bancos estrangeiros e bancos domésticos saudáveis não serve para prever comportamentos mais ou menos elásticos (sensíveis) no crédito bancário. (**)
Um corte relevante parece ser entre bancos públicos e privados. Como no Brasil, as diferenças nos objetivos dos dois grupos implica comportamentos não convergentes entre eles, diante de movimentos do ciclo econômico ou dos juros.
Entre os privados, a diferença relevante é dada pela situação em termos de qualidade dos ativos na carteira do banco. Quanto maior a proporção de empréstimos inadimplentes ou reestruturados na carteira, mais o banco necessita concentrar-se nos reparos desta. A ausência de solidez prejudica então o aproveitamento das oportunidades de investimento quando melhoram as condições macroeconômicas. Simetricamente, implica mais racionamento de crédito - ou apostas arriscadas - quando se inicia uma recessão. Esta diferenciação de comportamentos aparece com clareza no México, onde permaneceu um forte legado de inadimplência após a crise de meados da década.
Na verdade, nos dois países, bancos estrangeiros e privados nacionais, exceto quando às voltas com ativos problemáticos, respondem de modo similar aos sinais de mercado, incluindo o crescimento do PIB e os diferenciais entre taxas de juros locais e externas. Também apresentam semelhanças na composição das carteiras de empréstimos, entre os diversos tipos de crédito (pessoal, hipotecário, empresarial, governamental etc.). Quando saudáveis, estrangeiros e nacionais tornam-se caballeros de fina estampa sem distinção.