David Stirling acreditava que o futuro da guerra não estaria nos exércitos de massa, mas em unidades pequenas e flexíveis. Com o apoio do 8º Exército Britânico, formou o SAS para destruir aeronaves, veículos e depósitos inimigos, e desaparecer antes que o inimigo reagisse. Sua visão mudaria para sempre o modo como as forças armadas enxergam a guerra de sabotagem e infiltração.
O SAS ficou conhecido por suas ações no Deserto da Líbia, sabotando bases aéreas alemãs e italianas. Usando jipes carregados de explosivos e metralhadoras, eles destruíam dezenas de aviões em ataques-relâmpago. O sucesso foi tão grande que Rommel chegou a ordenar patrulhas exclusivas para caçar os “fantasmas do deserto”.
Após a captura de Stirling em 1943, o comando passou ao Major Paddy Mayne, um homem lendário por sua coragem e brutal eficiência. Sob sua liderança, o SAS intensificou ataques noturnos e sabotagens na Itália e no norte da França, preparando terreno para o Dia D. Mayne foi condecorado quatro vezes com a Distinguished Service Order, um feito quase inédito.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o SAS foi temporariamente dissolvido, mas a experiência adquirida era valiosa demais para ser perdida. Em 1947, ele renasceu como parte das forças regulares britânicas, adaptando-se aos novos desafios da Guerra Fria, da Malásia ao Oriente Médio.
Durante as décadas seguintes, o SAS se envolveu em conflitos secretos pelo mundo. Atuou em operações de contra insurgência em Omã, na Irlanda do Norte, e mais tarde, em missões antiterrorismo. Sua atuação na libertação dos reféns da embaixada iraniana em Londres, em 1980, transmitida ao vivo, revelou ao mundo a precisão e a frieza de seus operadores.
Who Dares Wins, “Quem ousa vence”. O lema do SAS não é apenas uma frase; é um código de conduta. Cada integrante é treinado para operar sozinho em território hostil, suportar tortura psicológica e agir com total autonomia. O treinamento é tão extremo que poucos conseguem concluí-lo. Mas quem o faz, entra para uma irmandade quase mítica.
Após o 11 de Setembro, o SAS tornou-se parte essencial da “guerra ao terror”. Atuou no Afeganistão, Iraque, Síria e em operações secretas na África. Seu papel foi crucial na caçada a líderes da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Mesmo quando os governos negam, é quase certo que o SAS está lá, operando nas sombras.
Hoje, o SAS adapta-se às guerras cibernéticas, aos drones e à inteligência artificial. Suas missões envolvem desde sabotagem eletrônica até infiltrações em ambiente urbano e digital. O espírito de Stirling, porém, permanece o mesmo: agir com audácia, precisão e invisibilidade. O futuro pode mudar a tecnologia, mas não a alma do SAS.